A música popular e religiosa ajudam a recriar o mundo do avô Capitão.
Com base numa recolha feita em Alqueidão da Serra (antigo Alqueidão das Contas) e na consulta do Cancioneiro Popular, o autor socorreu-se da preciosa ajuda do maestro Vicente Narciso e de um grupo de músicos “Banda Capitão” para dar vida aos diferentes temas que fluem naturalmente acompanhando o ritmo da vida na aldeia.
A fogueira de S. João, por exemplo, é assim descrita: “Quando a base é já uma roda de fogo fechada, de todos os lados soa uma continuada aclamação. Pouco tempo depois, por entre o crepitar da chama faz-se ouvir o estralejar das pedrinhas do Pragal do Órfão e alguém começa provocatoriamente a cantar, convidando os presentes para a desgarrada.”
A cantiga “O Negro Melro” anima desta forma uma descamisada: “Lourenço vai buscar a rabeca, recosta-a no braço e no peito e começa a friccionar as cordas com um arco de crina, untado no pez, tirando do instrumento um som fanhoso mas facilmente percetível. É a moda do Negro Melro que anda na boca de toda a gente.”
A “Bando Capitão” tirou das páginas esquecidas do Cancioneiro o controverso hino de D. Miguel, tantas vezes cantado, como odiado, durante o reinado do monarca.